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Ainda a Coleção e os seus artistas | Caminhar ao ritmo da objetiva de Lauren Maganete

Lauren Maganete (PT) “JUST WALKING IV”, 2013 Fotografia 200×300 cm

A propósito da seleção de obras que integrarão a exposição “Territórios Imaginados”, com curadoria de Elisa Noronha, que a Fundação Bienal de Arte de Cerveira inaugura na Sardenha no próximo dia 4 de maio, chegamos a uma das aquisições recentes da coleção, “Just Wlaking IV”, e ao nome de Lauren Maganete. Mais do que fotógrafa, Lauren Maganete respira o que faz e torna-se, no seu quotidiano, na essência das próprias imagens que produz e que refletem um olhar sensível sobre o mundo. Através das suas objetivas as imagens traduzem uma atenção aos pormenores do belo humano e uma capacidade única da artista em captar o melhor dos seus modelos e das suas paisagens, predominantemente, urbanas e com água e os reflexos a desempenharem o papel de marca identitária.
Lauren Maganete nasceu em Bragança em 1970 e estudou no Porto, licenciando-se em Gestão e Administração de Empresas. É fotógrafa oficial da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia desde 2009. Tem trabalhos publicados em diversas revistas e jornais, nacionais e internacionais. Participa regularmente em exposições individuais e coletivas, tendo já passado por Madrid, Lisboa, Porto, Vila Nova de Gaia, Coimbra e Águeda. Trabalha como fotógrafa freelancer e tendo vindo a colaborar com diversas instituições e empresas. A sua obra encontra-se em diversas coleções públicas e privadas. Em 2016 foi a grande vencedora do Mira Mobile Prize, promovido pelo Mira Fórum/Espaço Mira. Participou, como artista convidada, nas Bienais de Gaia de 2015, 2017 e 2019 e, em 2018, venceu com a obra “Just Walking IV” um dos prémios aquisição da XX Bienal Internacional de Arte de Cerveira, realizada de 10 de agosto a 23 de setembro 2018. Justa Walking (200x300cm), de 2013, integra uma série de obras que a fotógrafa tem vindo a desenvolver, maioritariamente a preto e branco, e que procuram o detalhe dos movimentos, sobretudo nos movimentos performativos, os que acontecem no palco e na comunhão da expressão mais pura do corpo com a música e com os públicos. “Just Walking” é a parte do todo de uma dança de pauliteiros que, a seu jeito, a artista trabalha posteriormente apostando da ampliação da escala real dos contextos, colocando os artistas, autores dos movimentos e das quimeras captadas, na dimensão de criaturas do Olimpo. Ao campo conceptual da série de imagens em que se enquadra “Justa Walking IV” poderíamos somar a ideia de terra e de ligação ao chão, reflexo de uma tentativa de consciência de realidade que contraste com o sonho para o qual o pensamento da artista viagem quando fotografa. Por outro lado, em toda a imagética da bragantina é essencial o tema da viagem e das formas de fazer o caminho, daí uma certa incidência nos pés que suportam o corpo e o conduzem ao destino.
Nas palavras da artista: “As fotografias guardam o movimento único de cada qual, ampliam idiossincrasias, perpetuam a ligação que é feita entre o que somos e o chão, passando assim a ser sempre o palco”. À Sardenha, a fotografia de Lauren Maganete levará também uma dimensão da cultura tradicional portuguesa, feita contemporaneidade e feita futuro.

 

« texto de Helena Mendes Pereira